A China, principal importadora de carne bovina do Brasil, anunciou a suspensão temporária das compras de três frigoríficos brasileiros a partir do último dia 03 de março. A medida também afeta duas empresas da Argentina, uma do Uruguai e uma da Mongólia. A lista dos frigoríficos brasileiros suspensos abrange uma unidade da JBS em Mozarlândia (GO), uma da Frisa em Nanuque (MG) e uma da Bon-Mart em Presidente Prudente (SP).
A decisão foi tomada pela Administração-Geral de Aduanas da China (GACC), a partir de auditorias remotas com os estabelecimentos. A informação é da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). Em todos os casos, foram identificadas não conformidades em relação aos requisitos chineses para o registro de estabelecimentos estrangeiros. A Abiec informou que, junto com o Ministério da Agricultura, está conversando com as autoridades do país asiático, para garantir a rápida resolução da questão.
O especialista em mercado financeiro, Fabiano Tavares, explica que em 2024, o país importou um recorde de 2,87 milhões de toneladas métricas, o que levou a um excesso de oferta e à queda dos preços domésticos. Para o especialista, o Brasil tem um bom desempenho na defesa agropecuária, o que colabora com a credibilidade e o reconhecimento desse trabalho no exterior.
Fabiano Tavares destaca que a China é o principal destino da exportação de carne bovina brasileira, e as exportações favorecem o mercado nacional. “Os cortes exportados são diferentes, então isso favorece, inclusive, a formação de preço aqui dentro do Brasil. São produtos que vendem muito pouco aqui ou que possuem menor valor comercial, em função dos diferentes padrões de consumo. O fato de estarmos exportando é bom para a formação do todo”, explica.
O especialista ressalta que coincidentemente com 2023, outra sanção foi aplicada no domingo de Carnaval, e que no entanto acha bastante estranho que no mesmo período a China postula alguma sanção à carne brasileira. “Esse momento do mercado coincide com o retorno das compras Chinesas após ano novo chinês, onde 45 dias antes eles param as compras e agora está na hora de retomarem”, pontua.
Segundo dados da associação, no ano passado a China respondeu por 46% das importações de carne bovina brasileira, totalizando 1,3 milhão de toneladas e um faturamento de US$ 6 bilhões. Após a China, os Estados Unidos são o segundo maior mercado para a carne bovina do Brasil, seguidos pelos Emirados Árabes Unidos, União Europeia, Chile e Hong Kong.
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