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Dia Nacional do Surdo destaca a importância do diagnóstico precoce e da inclusão

Dados da OMS revelam que pelo menos 800 milhões de pessoas no mundo sofrem com algum grau de perda auditiva e números do IBGE apontam que mais de dez milhões de brasileiros têm algum grau de surdez

24/09/2024 às 17h35
Por: Jorge Neris
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Juliana Caixeta, médica otorrinolaringologista | Foto: Divulgação
Juliana Caixeta, médica otorrinolaringologista | Foto: Divulgação

Para chamar a atenção da sociedade para a necessidade da inclusão das pessoas surdas, foi criado o Dia Nacional do Surdo, celebrado em 26 de setembro, no Brasil. A data é relevante, pois, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 800 milhões de pessoas no mundo sofrem alguma perda auditiva. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que mais de dez milhões de brasileiros têm algum grau de surdez.

A médica otorrinolaringologista Juliana Caixeta explica que a deficiência auditiva pode ser causada por malformação congênita ou adquirida ao longo da vida. As principais causas da surdez adquirida são a exposição a ruídos intensos, infecções, traumas na região da cabeça e tumores. A médica destaca a importância da inclusão das pessoas surdas e explica sobre as formas de prevenção e os tratamentos para a perda auditiva.

Segundo a médica, os sinais de alerta para procurar ajuda são quaisquer dificuldades ou desconfortos na audição e na comunicação. “Toda pessoa com a sensação de que não está ouvindo bem, que pede para repetir, que tem zumbido ou que não está compreendendo bem aquilo que ouve deve procurar um especialista”, orienta.

A médica explica ainda que a constatação da perda auditiva é possível por meio da avaliação audiométrica, exame que verifica se há ou não perda auditiva e também permite quantificar essa perda. Nas crianças pequenas, outros exames, como o teste de otoemissões acústicas e o Potencial Evocado Auditivo, podem ser úteis no diagnóstico. Esses exames são popularmente conhecidos como Teste da Orelhinha e Bera ou Peate.

Os três principais tipos de perda auditiva são: neurossensorial, que resulta de danos às estruturas do ouvido interno ou ao nervo auditivo; condutiva, que ocorre quando há dificuldade para conduzir o som da orelha externa até a interna; e a mista, que é uma associação das duas. Por conta das especificidades, o tratamento deve ser personalizado para atender às necessidades de cada paciente.

“O tratamento da surdez inclui o uso de aparelho auditivo, opção eficiente na maioria dos casos, ou ainda a intervenção cirúrgica, com a colocação de próteses parciais ou totalmente implantáveis, que podem oferecer uma melhora da audição”, explica a média. Ela orienta que a perda auditiva neurossensorial pode ser leve, moderada, severa ou profunda e afeta a capacidade do ouvido de transmitir sinais sonoros para o cérebro.

Nestes casos, a melhor estratégia de intervenção ocorre quando o diagnóstico é feito de forma precoce, especialmente quando acontece em crianças, pois pode afetar o desenvolvimento da fala, da linguagem e do aprendizado.

“Um diagnóstico precoce e um tratamento adequado são essenciais para minimizar os impactos na qualidade de vida e na comunicação do paciente com perda auditiva. Intervenções tardias podem causar dificuldades de comunicação e de linguagem falada e escrita que podem perdurar por toda a vida”.

Juliana Caixeta salienta ainda que o tratamento precoce também pode ser determinante nos casos de perda auditiva condutiva. Essa condição ocorre quando há um problema na transmissão do som, tornando-o mais fraco ou abafado. A perda auditiva condutiva pode ser temporária ou permanente, dependendo da causa subjacente e do tempo de identificação dessa causa.

As otites ou infecções de ouvido são um exemplo disso; elas podem causar perda auditiva temporária ou gerar uma condição permanente se não forem tratadas adequadamente. A otosclerose, que recentemente ganhou destaque pelo relato da apresentadora Adriane Galisteu, também pode causar perda auditiva condutiva e tem uma boa resposta à cirurgia em boa parte dos pacientes.

A reabilitação certamente melhora a qualidade de vida de todas aquelas pessoas que não ouvem bem. “Hoje temos aparelhos modernos, que podem ser adaptados para diferentes ambientes, tanto para ambientes ruidosos quanto para ambientes silenciosos. Temos também as próteses cirurgicamente implantáveis, que estão cada vez mais modernas e têm oferecido uma qualidade de som cada vez melhor para os nossos pacientes. Por isso, é possível ter uma boa qualidade de vida sendo deficiente auditivo”, explica a otorrinolaringologista.

Vergonha dos aparelhos auditivos

“Os aparelhos auditivos são uma tecnologia determinante para pessoas com deficiência auditiva, possibilitando a manutenção da qualidade de vida e do processo de comunicação”, destaca a otorrinolaringologista. Desde 2002, próteses auditivas são oferecidas gratuitamente aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

Juliana Caixeta salienta que os motivos frequentes da demora na procura de tratamentos são a vergonha e o medo do preconceito. “Existe ainda muita rejeição social com relação ao uso de aparelhos auditivos e, com frequência, os pacientes são resistentes à sua indicação”. A médica explica que os pacientes encontram pretextos para não procurar o tratamento. “Muitos dizem que ainda ouvem bem e que o problema são os outros, que falam muito baixo”.

A médica orienta os pacientes a romperem com os tabus e buscarem o melhor tratamento. “O meu conselho é que ninguém deve se envergonhar de cuidar da sua saúde, de querer aproveitar a vida com tudo o que ela oferece”. Juliana Caixeta enfatiza que “cuidar da audição significa ter qualidade de vida, de interação e de socialização; então, não é preciso se preocupar com o que os outros vão pensar”.

Além disso, os aparelhos auditivos estão cada vez mais modernos e discretos, oferecendo uma boa qualidade sonora com um bom aspecto estético. Quanto mais tardio o uso dos aparelhos, mais difícil é sua adaptação, uma vez que o cérebro passa a ter mais dificuldades de se adaptar aos estímulos fornecidos pelos aparelhos.

Existem aparelhos modernos, que podem ser adaptados para diferentes ambientes | Foto: iStock

Inclusão e participação social

Segundo Juliana Caixeta, o suporte psicológico e social também tem grande importância no tratamento e na reintegração de pessoas surdas, pois essas condições podem impactar a autoestima e a qualidade de vida dos pacientes. De acordo com a médica, a inclusão é um processo que implica em uma coalizão do trabalho do médico com ações de acolhimento da sociedade.

“A primeira estratégia é a reabilitação; quanto melhor a reabilitação, melhor esse indivíduo estará adaptado à sociedade. Mas é preciso também adaptar a sociedade às pessoas com deficiência e facilitar a colocação, especialmente daqueles que se enquadram como pessoas com deficiência, no meio educacional, no mercado de trabalho e nas relações afetivas”.

Para a médica, é preciso desmistificar a perda auditiva. “É fundamental desconstruir o preconceito quanto ao uso dos aparelhos auditivos; isso é feito ao promover informação a fim de que as pessoas percebam o quanto é importante utilizar os aparelhos para se ouvir melhor e para se comunicar melhor. Outra ação determinante é a capacitação de entendimento de linguagem não verbal e o letramento em Libras para as pessoas que estão em contato com pessoas surdas”.

Serviço

Dia Nacional do Surdo

Quando: 26 de setembro

Fonte: médica otorrinolaringologista Juliana Caixeta

 

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